Da SurfenCanarias começamos as nossas entrevistas e para a ocasião escolhemos Armide Soliveres.
Armide é um jovem bodyboarder da Gran Canaria com grande projecção internacional e temos a certeza que nos próximos anos nos vai dar muitas alegrias no bodyboard mundial.
Campeão do Mundo Júnior em 2018 Armide esteve recentemente impossibilitado de comparecer ao Chile onde iniciou o circuito mundial juntamente com outros bodyboarders das Canárias e aproveitamos para falar com ele.
Olá Armide. Em Surf nas Ilhas Canárias publicamos a notícia do campeonato Arica com a vitória de Amaury Laverne e depois o 2º lugar de Lionel Medina na prova Erizos Iquique. O bodyboarder francês radicado na Gran Canaria Amaury Laverne e o jovem Lionel Medina nas duas primeiras posições das duas primeiras provas do circuito mundial é um sucesso para o bodyboard das Canárias mas nós não vimos você lá, você não viajou Chile?
-
Não, não viajei para o Chile desde que me organizei com a Universidade e o bodyboard tem sido impossível para mim, tendo que fazer as "Práticas Hospitalares" visto que sou estudante de Enfermagem (ULPGC).
- Pelo que você nos conta, você está bastante focado nos estudos. Achas que é possível viver do bodyboard nas Canárias?
-
Talvez não vivendo só do bodyboard, mas é verdade que estando em alto nível, chegando a muitas finais e tendo patrocinadores ou organizações que te apoiam, você consegue recursos suficientes para viver.
- Como encara esta temporada de estudos e competição?
-
Enfrento com calma pois não é que estou perdendo um ano, mas sim estou aproveitando no que realmente vai me alimentar, sem deixar totalmente a competição de lado.
- Quais são suas metas esportivas para este ano?
-
Como os campeonatos europeu e espanhol são realizados em uma única prova e quem ganha é o campeão europeu ou espanhol respectivamente, vou tentar vencer essas duas competições, além de fazer 3 provas mundiais e o circuito das Canárias obviamente tentando conseguir os melhores lugares.
- Por vezes vemos que entre os estudos e a competição em si quase não sobra tempo para viajar e apanhar ondas de qualidade fora das ilhas. Pretende fazer este ano uma viagem a um destes destinos de ondas perfeitas sem ser por motivos de competição? ?
-
Eu gostaria de ir para o Marrocos por uma semana, tenho amigos lá como Brahim Iddouch que ficaria na casa dele e nós iríamos surfar, mas fora isso ainda não.
- Como você lida com a questão dos patrocinadores para poder fazer viagens desse tipo, ou mesmo para a própria competição?
-
A verdade é que não muito bem. Felizmente a "Science Bodyboards", que é uma das melhores marcas de bodyboard, apoia-me com material e de vez em quando uma inscrição, senão nada. Parece que tens de procurar empresas fora deste desporto e geralmente não costumam colaborar .
- Você é ativo nas redes sociais? Você acha que eles são um aspecto importante neste esporte?
-
Acho que sim, sou ativo nas redes sociais, costumo ter posts toda semana ou quase nunca tenho stories vazios no Instagram. Também tento não fazer todo o meu conteúdo apenas de bodyboard. Às vezes, porque senão não chega a todos os públicos, que é o que supostamente se pretende. Não acho importante só neste esporte, mas em todos eles, e principalmente para as empresas, porque você consegue muita publicidade e grande visibilidade para as marcas, mas dependendo do número de seguidores que você tem, você consegue mais ou menos ajuda, independentemente de você ter resultados melhores ou piores.
- Nem todo mundo pode se gabar de ter sido campeão mundial júnior, como foi vencer o mundial?
-
Ganhar o Mundial foi algo incrível, experimentei sensações que nunca pensei que existissem, devo dizer também que nunca tinha ficado tão nervoso na minha vida hahaha, mas isso me fez avançar muito no mundo e conhecer o idosos e profissionais, além de ser reconhecido por pessoas que nunca tinha visto. Ter vencido não me fez mudar como pessoa, continuei sendo como sempre fui e tratando as pessoas da mesma forma que fazia antes.
- Você acha que é possível futuramente ganhá-la na categoria Open?
-
É muito difícil mas sim.
- O que você acha que precisaria para alcançá-lo?
-
Acho que preciso de muita experiência de viagem e conhecer muitas ondas diferentes para saber fazer uma leitura de onda diferente e quase completa, pegando ondas mais agitadas e perigosas para ganhar confiança.
- Repara que existe apoio no bodyboard?
-
Não muito, você poderia fazer muito mais coisas como surfar. Os melhores campeonatos são para entidades privadas e afinal é um negócio e as organizações públicas não ligam tanto e são as que mais deveriam apoiar.
- Em que tipo de ondas você fica melhor?
-
Quando se trata de competir, quanto mais difícil a onda, melhor eu me mando, porque sei me mover muito bem em todos os tipos de ondas e o que vejo de muitos competidores é que se a onda não estiver confortável eles acham muito difícil.
- Como é o seu treino diário? Você treina com alguém, algum treinador? Você treina só na água ou também físico?
-
Agora estou tentando me organizar bem com Yeray Martínez, mas por enquanto não tenho treinador, vou um pouco sozinho e tento me corrigir assistindo meus vídeos. O treinamento físico não é muito a verdade. Como estou sempre pegando ondas, estou exausta e preciso descansar um pouco também. Quando não há ondas, aproveito para fazer um pouco de exercício físico.
- Nas Canárias, sempre tivemos um nível de bodyboard muito bom. Vimos recentemente como um bodyboarder da Cantábria também conquistou o título de campeão do mundo. Como está o nível nas ilhas hoje?
-
Há muitos garotos novos que estão indo a todo vapor e são muito bons. Mas acima de tudo, onde se pode ver o grande potencial dos riders das Canárias é no Frontón, num dia com ondas muito boas, eles consideram-nos um dos melhores surfistas do mundo juntamente com o Chile e a Austrália.
Bom Armide. Queremos agradecer-lhe a sua presença e desejar-lhe a maior sorte do mundo naquilo que se propõe a fazer, tanto nos estudos como na sua carreira desportiva.
Você quer dizer outra coisa?
-
Não. Só para agradecer por me receber para a entrevista.